sexta-feira, março 17, 2017

Ontem eu aprendi que não existe relacionamento aberto ao pé da letra tal qual eu achava que vivia. Dei uma golada dupla na cerveja, parei de respirar por alguns segundos e arregalei bem os olhos pra não perder nada daquele momento.

O relacionamento é fechado. Com liberdade, sim. Sem reprimir desejos externos, sim. Não tem relação com razões contrárias à isso. É fechado por ter fechamento entre os envolvidos, parceria, amor, tesão e aquelas tantas coisas que só quem vive dia a dia sabe e não importa a mais ninguém. Aberto? Ele não é aberto a opiniões e olhares julgadores de fora. Pra você e ele meterem o bedelho e dizerem como é o jeito certo, como é o jeito errado. Jeitinho é coisa muito particular. 

Ficar com outras pessoas não é o que define o relacionamento dito como aberto que foi escolhido por dois - ou por mais. Monogamia não é apenas o que pauta um relacionamento dito como fechado. Ou seria triste demais, tão raso. Aberto: pode ficar. Fechado: não pode. Preto no branco. 

Esses dias se surpreenderam e acharam que, por terem me visto beijando outro rapaz no meio do carnaval, eu tava em outra, ih, já era! Avaliem: meu relacionamento estaria fadado ao fracasso por conta de uns beijos. E ironicamente foi justo no momento de reencontro em que ele nunca esteve tão conectado e vivo em toda sua existência em pouco mais de um ano. Talvez tenham pensado isso porque sou mulher. Talvez se tivessem visto ele com alguém teriam apenas concluído: é só pegação sem importância, como tantas outras. O machismo nosso de cada dia.

Somos todos mais fundos que essas pequenas convenções sociais e entender isso é seguir adiante avaliando que as escolhas são feitas, os combinados são conversados, a confiança é regada e enquanto o coração tiver gordinho e a cabeça sã, tá tudo bem. É só isso que consigo sentir: tá tudo bem.

Eu gosto quando eu escuto mais do que falo.

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