quarta-feira, fevereiro 27, 2013

First Day

Lá fora faz um frio danado. Aqui por dentro tem nevoeiro na maioria das horas, mas então te sinto e faz sol. Quentinho como um amor tranquilo e recém chegado. Com cara de cama desfeita e lençol por dobrar.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

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Me ocorreu que o adiar pra fechar a mala foi um código que meu coração criou pra mostrar que ainda falta tempo pra não mais te ver, pra esse hiato, pra morrer de saudade. E quanto mais próximo fica, mais jogo alguma coisa alí por cima enquanto penso simultaneamente que é preciso organizar de uma vez os próximos meses em uma mala grande e outra média. Minha mãe pergunta com ar de repreensão se não está faltando fazer mais nada quando eu, ao invés de pegar a mochila, guardar a câmera, organizar os fios, os cards, o netbook, fico praticando a procrastinação nas horas e cinicamente respondo que 'não falta mais nada.' E completo com um 'ao menos nada que eu possa fazer em um domingo à noite, amanhã vou comprar uns dólares'. O bom desse blog é saber que ela lê tudo, tudinho e cheia de amor que é, sempre perdoa minha sinceridade e deve até dar umas boas risadas por saber que me conhece tanto. 

Mas eu também a pego na mentira vez por outra. É uma espécie de mentira autorizada, que não faz mal se for descoberta, pelo contrário, foi feita para ser desmascarada com todo o carinho. Ainda ontem ela disse pra Júlia que tudo que ela tem pra me escrever, ela escreve direto no meu coração. Menos de duas horas depois estava me fazendo a declaração de amor mais linda, cheinha de palavras, lágrimas e amor. Ela fala sim e tem uma voz linda. A gente se parece sempre e como nunca. Mas na verdade esse texto não é para ela, é para você.

Pra você que chegou varrendo tudo, passando pano e desinfetante no meu chão. Que chegou junto. Nem de baixo e nem de cima, de lado: como tem que ser. Não deu espaço e tempo pra mais ninguém. Segurou forte na minha mão e foi simbora ver a vida. Sem temer. Eu lembro que no início acreditei piamente e até te disse que tudo aquilo era a maneira que você havia arrumado para tapar qualquer projeto de buraco já existente 'Tá tudo errado, tudo errado', eu insistia. Só depois me ocorreu que buraco mesmo seria se eu não ficasse. Buraco e burrice. Fiquei, fico. 

Com amor, Carlinha.

O texto tem jeito de inacabado e foi de caso pensado. Esse negócio de fim não tá com nada. Ainda tenho muito pra te falar, e, mais que isso: pra te olhar - na vida.

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Um solavanco na vida

Pode parecer maluquice isso que vou dizer agora e de fato deve mesmo ser: ando com alergia à noite. Escurece e logo começo a me coçar toda. Eu sei que o nome disso ultrapassa calor ou mesmo alergia. Ultrapassa remédios pra curar, o nome disso é ansiedade. Aquele negócio que eu tenho de sobra naturalmente, imagine quando tenho motivo para tal. Em um mês organizei uma viagem  de meses para outro país, pra um país que não conheço: nem ele e nem sua redondeza. Minha primeira vez de Europa e também o meu primeiro intercâmbio. O normal seria procurar uma agência e fechar um pacote, mas e quem disse que existe normalidade dentro do meu pequeno ser? Acabei fazendo e organizando tudo por conta própria e quando digo por conta própria eu quero falar tudo: de cada centavinho gasto à passagem, hospedagem, seguro viagem, visto, mala, etc e tal.

Faltando menos de uma semana para o grande dia, finalmente paro e respiro um ar aliviado de "finalmente está tudo pronto, do grande aos detalhes mais bobos como remédios e alicate para unha". Mas e quem disse que isso faz diminuir a ansiedade? Acho que só aumenta, pois agora tenho tempo de sobra (já que até a viagem eu possuo 24 horas de almoço por dia) pra pensar as asneiras que for. Bem sei que a ansiedade, no fundo, é de tudo ao mesmo tempo e não só da viagem. Um acúmulo de sentimentos. Do 360 que minha vida deu nos últimos meses e que eu não me dei o tempo devido de digerir e viver intensamente cada situação, mesmo as de dor. Ou como diz minha mãe: meu sofrimento segue até a página 3. "lerdo" engano. Uma hora tudo isso explode, nem que seja em coceiras.

Simplesmente me deixei levar pela vida e cá estou, pronta pra mais um looping. Apesar de ter decidido tudo muito rápido, na verdade essa é uma viagem que eu já me devia fazia muito tempo. É necessário dar um solavanco nesse meu inglês fuleiro e viajar é sempre bom, pra todo mundo: meses fora de tudo e de todos, em uma cultura diferente, sabores e cheiros estranhos, novos perrengues, nova língua. Tudo vale pra se encontrar, se conhecer mais, se respeitar, e, claro, aprender. Aprender muito. Curiosa como sou não duvido voltar ensinando as dancinhas típicas e/ou com várias receitas de lamber a pia. Como disse um sábio amigo: 'Você vai aprender muitas coisas nessa viagem e inglês é só uma delas'.

Bom, enquanto isso terei de conviver com esse vácuo entre o que foi e o que será. Com essas dúvidas todas: como será a cidade, como serão as pessoas, como será a escola, como será a comida, como será passar tanto frio, quando será que arrumo emprego, será que vou conhecer Berlim ou Barcelona antes de Londres e etc. É tanta questão que tenho medo de me privar do presente pra antecipar situações no fundo falso de minha cabecinha. Mesmo que o presente até lá seja de apenas 4 dias.

Parafraseando a expressão que andam falando pelas redes sociais:

Eu sempre fui ansiosa, mas esse mês eu tô de parabéns.

'doce, que seja doce, que seja doce, que seja doce.'




terça-feira, fevereiro 05, 2013

Quando você demorou a voltar e endoideceu todo mundo

E todas as pessoas que eu corria as vistas e enxergava trajando blusa listrada de verde, eu morria de raiva e só depois vinha o alívio e a alegria do encontro . Logo depois, quando me ocorria que não era você, a raiva que eu sentia se transformava em uma maior ainda (só que dessa vez de mim), por perceber que senti primeiro a raiva pra depois sentir o alívio e a alegria. 

Algumas vezes o ser humano é ser humano até demais, o tempo todo, até (ou principalmente) nessas horas.

Mas quando você entrou por essa porta, o alívio e a alegria foram tão enormes que eu só fiquei com raiva uma fração de segundo depois. E por pura necessidade de mostrar o meu alívio e a minha alegria. 

Nós: seres que somos tão humanos.

Não me faça mais isso!