quarta-feira, outubro 31, 2012

Fazer pesquisa sem inspiração é...

Abrir o google como quem abre a geladeira no fim do mês ou da feira - Mil vezes.

terça-feira, outubro 30, 2012

Horário de verão

Vai além da hora que se ganha e do sentimento de roubo do dia. Sem culpa, um dia completo, 360, repleto de. São os cabelos entranhados de sal, os corpos vestidos de sol, o líquido bebido com a velocidade luz. São frutas de todos os gostos e cores. São cores, todas.

E os beijos dados na boca, mesmo que na imaginação.

São pessoas, as feias e as bonitas, devotas de uma mesma alegria: solar.

Eu queria domingo de segunda a sexta. Eu queria aquilo que eu já tive por vários anos e não imaginava, à época, ser tão raro: férias de verão.



Meu Pernambuco querido...

sexta-feira, outubro 26, 2012

O outro



Radioatividade, eletromagnetismo, buraco negro, o infinito azul e marrom, as formas, profundezas, o quente e o congelante, as vidas, o oxigênio, um pedaço dividido, e novamente e novamente e... Até alcançar um pedacinho que não se divide: a molécula da água, H2O, as lavas, os dinossauros.

São tantas questões complexas e, ainda hoje, a que mais me impressiona é do tamanho de um fiapo e que passa tantas vezes transparente pelos nossos olhos: a existência do outro. Ainda hoje acho um absurdo de improvável o fato de existir o outro. Do outro lado da rua, parado no sinal do trânsito, na mesa ao lado, na fila do banco, nas calçadas, o outro que cruza comigo na escada, com gostos semelhantes e outros psicopatas. O outro por todos os lados. O outro que a gente não conhece e nem nunca vai conhecer. O outro que tem um rosto diferente do outro, do outro, do outro.

Nunca vou conseguir entender o fenômeno de existir tantos outros pelo mundo e eu não ter a capacidade de formar o rosto de um que seja, que eu nunca tenha visto, com minha própria criatividade, sem tomar como referência outros outros. E olha que criatividade é coisa que não me falta. Me assusto mais ainda quando ando na rua e vejo milhares deles que eu poderia ter projetado e não consegui. Aí como desafio eu tento novamente, tomando como base a inspiração de ter visto tantos outros diferentes, em vão.

Pra mim, isso é muito mais maluco que os corpos serem feitos de espaços vazios!

terça-feira, outubro 23, 2012

Da minha terra

Saudade é chorar no molhado, pra ninguém notar
No banho, no mar, na chuva
Aquela saudade só sua
Saudade, sabe?
Uma saudade bem nua

http://vimeo.com/51791775

quinta-feira, outubro 18, 2012

Gari



Ando com mania de dismistificar sentires, impressões e versos. Alguns são demais difícies. Tento porque tento decifrar o sorriso dos moços que trabalham pendurados no caminhão do lixo, em vão. Não consigo entender essa coisa da natureza. Queria saber de onde vem a fórmula do sorriso que é mais largo que a caçamba do caminhão, recheado de azedices humanas.

quarta-feira, outubro 17, 2012

Orgulho às avessas

Não gosto mais de dar a última palavra
Os vazios de depois são por demais enormes

terça-feira, outubro 16, 2012

Fragmento de um todo

Ela morava sozinha em um casarão que ficava em um bairro distante da cidade. Eram necessários 3 ônibus pra chegar alí. A casa, de grande porte, era cercada por árvores, barulho de bichos e solidão. Sempre a perguntavam se não morria de medo de ser assaltada, estuprada ou de ver almas. Sempre se surpreendiam quando ela dizia que esse - o momento de chegar em casa - era o mais tranquilo do dia. Isso foi na época em que ela foi apresentada ao silêncio, as cores da noite e aos sentires mais íntimos. Era bonito. Uma beleza triste. Ou uma tristeza bonita, se tristeza chegasse a ser.

Ela sentia tudo, menos medo.

Medo ela deixava pra sentir nos instantes em que precediam sua chegada ao Km 12 da Estrada de Aldeia.

Era esse o caminho de quase 1 quilômetro que ela fazia, a pé, sozinha, por volta de meia noite, por vezes com uma ou outra moto passando rente aos seus longos cabelos, sempre bem presos pra tentar se passar por homem, e seu canivete - espero que afiado. Todos os dias:



E aí fica explicado o motivo pelo qual aprendi a não temer por coisa pouca.





segunda-feira, outubro 15, 2012

Sobre a morte

a Ferreira Gullar





Hoje sou carne, osso, vento fresco e um monte coração.
Mas um dia, eu bem sei: ainda volto a ser palavra.

Estatística


Eu, Recife e Uísque.

Recife é a cidade que mais se consome uísque importado no mundo...

... E a que menos importa.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Ofício


Imagem: Bansky


Quando a poesia ou mais te faltar:
Embrulhe tudo em um papel com amor
e arremesse aos braços do trovador

quarta-feira, outubro 10, 2012

Concreto



Quem tem os olhos acimentados, não possui nada além do concreto.

terça-feira, outubro 09, 2012

A palavra que já existia antes de seu nome


Arrependimento de coisa boa é, depois de tudo, cuspir num delicioso prato de filé mignon: o maior cinismo humano.

Arrependimento de coisa ruim é, antes de tudo, não ter ouvido o que disseram seus amigos: a maior ironia humana.

segunda-feira, outubro 08, 2012

Hiato semanal


Segunda tem cheiro de café quente, mesmo para os que não bebem. E jeito de silêncio. Não importa o quão bom foi o fim de semana, o humor duvidoso invade os entreolhares e a preguiça de falar se torna máxima. É dia de aceitar sua existência dessa maneira tão quase que sem graça. Dia de respeito com a condição própria e alheia. Uma manhã que nunca acaba mesmo sendo quase terça-feira. Dia de aceitar o marasmo, como um fiel aliado, que tira a voz do corpo inteiro.

sexta-feira, outubro 05, 2012

Sexta



Quem nunca passou uma noitada dormindo em duas cadeirinhas de boteco carinhosamente coladas, não teve infância.

Aos meus pais.

quinta-feira, outubro 04, 2012

Friday feelings


Copacabana daqueeeele jeito

Hoje é muito sexta-feira, pena que não é!

quarta-feira, outubro 03, 2012

Vô Alcides e suas 82 primaveras


'Não sei se devo comemorar por mais um ano de vida ou se devo lamentar por um a menos', ele me disse.

E então entendi que os vários dilemas da vida seguem por todo o seu percurso, amém!



Foto de 2008 e ele com o mesmo rostinho!

terça-feira, outubro 02, 2012

Rede social

Eram tão amigos que sabiam tudo, tudo, tudinho do outro. Através das fotos, eventos, músicas e das frases de efeito. Notícias diárias, a melhor refeição do dia, emprego e até onde esteve, com quem esteve, a hora e quiçá a razão. A questão é que sabiam tanto, mas tanto do quanto que tinha pra se saber - tanto quanto eu que nem os conheço - que não sentiam mais a necessidade de perguntar.

E foi assim que acabaram sabendo de tudo sobre a vida do outro, menos o essencial.


Essa tal de rede 'social'.

segunda-feira, outubro 01, 2012

Calçada

As ruas
Esquinas
Dobras
da solidão

Às suas
Nossas
Vadiezas
do coração

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