quarta-feira, novembro 30, 2011

Recife: parada obrigatória

Marco zero do Recife



É bem verdade que falar do próprio lugar pode parecer piegas e suspeito, ainda mais se tratando de alguém tão apaixonada pela cultura local como eu. Teria um monte de coisa chata para falar sobre a cidade, sobre o fedor em algumas ruas, sobre o trânsito infernal, sobre a pobreza que ronda nossos olhos e ouvidos,sobre o calor dos infernos, sobre os perigos. Eu poderia falar sobre a cabeça fechada de muitas pessoas e sobre o fato de Recife ser um ovo, onde todo mundo se conhece , e, se cruzar com uma novidadezinha que seja se torna uma novidade gigante, como se fosse cidade de interior sem ser. Mas, quer saber? Em todo lugar do mundo, se a gente reparar com olhos clínicos (ou nem tanto),  nos deparamos com essas mesmas coisas, mesminhas. Então eu vou mesmo é falar das coisas boas, das coisas bonitas, afinal, de coisa feia o mundo já tá transbordando! Eu vou falar é da cultura e das belezuras que Recife tem e que me mata de saudade, sempre.


Vai ser uma série com alguns posts-reportagens, para que não fique cansativo em apenas um, e, também, para que eu possa, deliciosamente, relembrar dias tão azuis.


11.10.2011


Por coincidência (tenho certeza que não), o passeio teve início com comida (das boas!!!) , afinal, quando penso em conhecer um lugar bacana, já vou logo imaginando as comidas que eu posso experimentar (eu sei que esse pensamento é meio de gordinha, mas, e daí? Eu penso nisso mesmo!) Pra mim, para que um passeio seja completo, precisa ter um tour gastronômico também, e, de preferência, com coisas diferentes. E nisso a minha terra é boa. E eu só percebo a quantidade de coisas diferentes que ela oferece para o visitante, quando estou turistando com alguém. 


Mês passado foi a vez do meu namorado conhecer Recife, e, nada mais legal do que fazer isso com uma guia que conhece cada cantinho da cidade como eu. Ainda mais que eu tava morrendo de saudade de tudo, seria tudo novidade mesmo que não fosse. 


Quando ele desembarcou no Aeroporto Internacional dos Guararapes, fomos direto para o Guaiamum gigante, restaurante de frutos do mar queridinho por mim e pelos recifenses. Tudo que se possa imaginar de frutos do mar tem por lá! Como é de prache, ao sentar,além da cerveja de garrafa e roscas da época, pedi um monte de caranguejo pra matar a saudade e pra Igor conhecer. Outras duas novidades pra ele foram a Agulhinha frita - um tipo de peixe pequeno, bem sequinho, lembra sardinha (lembra) - e o arrumadinho (feijão verde, farofa de gerimum (abóbora), carne de charque (carne seca) e vinagrete (molho a campanha). Com certeza o Guaiamum gigante é


Primeira das várias doses de carvalheira
um local que vale muito a pena voltar sempre que possível, pois, além das delícias, o preço (principalmente para quem é acostumado com os valores "sulistas", são bem convidativos.) Comemos um pratão de camarão na manteiga e no alho, por exemplo, por R$18 (e isso porque era véspera de feriado, em dias promocionais esse valor cai para R$14). 


Pra completar a noite, Igor, como bom cachaceiro que é, quis experimentar a cachaça Carvalheira, feita em barris de carvalho, lá na terrinha. Ela é fina e uma delícia, e, como boa companheira de cachaça que sou, achei justíssima a degustação. Bom, a verdade é que no final das contas voltamos pra casa bêbados e felizes, cantando Otto no último volume.


Obs- o copinho é "pitu gold", mas o conteúdo era phyno, carvalheira Gold.  Mas a Pitu tem espaço  em um outro post!

terça-feira, novembro 29, 2011

Here comes the sun

meu lugar ao sol

Na direção dele  eu vou, sempre! Com toda essa paixão,  amor no coração, sorriso no rosto, mãos dadas, cabelos soltos e pele da cor do meio dia. Eu vou cheia de alegria, de vida, de mundo, eu vou. E quando eu encontrar alguma tristeza, alguma coisa feia ou apenas uma incerteza fruto de saudade,  benzinho, eu faço uso de tinta e pincel, de lápis pastel, de laço de fita e dou cor a tudo. Começando aqui por dentro, agora, nesse momento!

E, o que não tiver cor, colorido ficará.

Uma tarde linda rodeando a cidade do Rio de Janeiro e a cidade do peito em que habito. 

É preciso de calma, de alma e de amor. É preciso de dor, vez ou outra, pra lembrar que, além de escrever, pintar é preciso! Pra decorar a casa, a alma, as roupas e o coração.



segunda-feira, novembro 28, 2011

O que não tem cor, remediado está

As unhas estão pintadas de vermelho, mas o dia é cinza. A cor é cinza. O trânsito é cinza. Da janela é cinza. O frio é cinza. Aqui de dentro é cinza. Hoje. Hoje é cinza, em uma tristeza cinza resultado de uma saudade cinza. Uma saudade sem cor. Uma vontade sem vazão. Memória: coração. 





Se saudade tivesse outro nome, se chamaria Sofia

Se deslocar: um teste de paciência

Caminhar deveria ser a coisa mais natural a ser feita no dia-a-dia. Mas não é. Ao menos não no Rio de Janeiro onde as pessoas simplesmente não sabem andar (a pé mesmo) nas calçadas. Um congestionamento, uma lerdeza, pessoas que param para bater papo como se alí fosse uma praça e outras que não olham por onde andam, batendo em tudo. 

Nesse dia nublado de segunda-feira eu já consegui me irritar em três situações com pedestres sem noção:

Primeiro no metrô, onde as pessoas não entendem que é mais educado deixar um lado da escada rolante livre, para as pessoas agoniadas e atrasadas passarem. Não. Sempre tem um mané que fica, sozinho, impedindo uma fila enorme de pessoas. Uns ficam fazendo barulhinhos com a boca de modo a demonstrar que está insatisfeito, eu prefiro pedir licença e passar. Sim, eu catuco mesmo! Catuco o ombrinho, e, com sorte da pessoa,dependendo do meu humor, peço por favor.

Depois foi na calçada, enquanto caminhava em uma reta (uma reta!!!), tinha um casal que decidiu brincar de zig zag só pra foder com a minha paciência. Sim, eu fiquei driblando o casal feliz até o instante em que consegui furar o caminho, e, ziguezagueando, ultrapassei os danados. ô gente, até entendo brincadeirinhas de casal, mesmo porque eu também faço isso com meu namorado, brincamos de se equilibrar no metrô, mas isso não atrapalha ninguém,né? 

Pra encerrar, fui andar de patins para começar o dia "bem" e eis que uma mulher atravessa a ciclovia em cima de mim, sem olhar para o lado e nem nada! Eu, obviamente bati nela e levei um estouro de bunda no chão, o rapaz da bicicleta atrás de mim freou e a roda ainda bateu em mim e a mulher, depois de perceber o furdunço que causou, virou de lado e disse: "eita, isso aqui é uma ciclovia,é?"

OI?

Acho uó,uma vergoinha eu ter carteira de motorista e não saber dirigir, pois tirei a habilitação e, no mesmo mês, me mudei de Estado. Não tive onde/como praticar... Mas,por outro lado, são nessas horas que agradeço, pois se essas pessoas não sabem nem andar a pé, imagino como seja de carro. 

E imagino também a quantas iria andar a minha paciência.

Ai, que abuso!!!

sexta-feira, novembro 25, 2011

Hoje tem!


Há sempre uma maneira alternativa de lembrar do meu chão, meu norte.
E salve essa sexta-feira luminosa!

quinta-feira, novembro 24, 2011

A saudade é um bichinho que rói




Saudade é um bichinho que rói

A unha do pé, o pé
E eu nem ligo

Que rói as pernas, a bacia, o sexo, o ventre
E eu nem ligo

Um bichinho medonho que rói 
O cotovelo, a cabeleira, as unhas
E eu nem ligo

Rói tudo isso, o meu juízo, o prejuízo
E eu nem ligo

Rói o umbigo

Rói os meus lábios, minha voz, o meu silêncio
E eu nem ligo

Rói meus livros, rói.
Rói fotografias, cartas, cheiros, dói
Mas eu nem ligo

E eu nem ligo
Quando rói a palavra, a canção e a mão,
Não

Mas quando rói o coração...








Foto: Victor Jucá
Projeção feita no Janela Internacional de Cinema do Recife 2011
Rua da Aurora, Recife, PE

quarta-feira, novembro 23, 2011

As cores das horas

Que importa se o cinza do céu?
Que importa se o frio no nariz?
Que importa esse dia que só nasce por um triz?

Porque tem obrigação com toda
essa gente

Então ele faz assim:
Vai, a cada segundinho que pede passagem
Arrancando um a um o véu de cor escura e dupla face

Um a um
Em uma paleta de cor
Medida pela temperatura
Cores frias e preguiçosas
Cor de edredon e não de aurora

Mas é bonito e essa espera esquenta
O dia acorda, mas a luz não entra
E a hora amanhece...
... Mesmo sem pedir licença



Foto por Joana Coimbra

*poeminha feito as 5h15 da matina, na fila do hospital para ser atendida. Mas isso já é assunto para um outro texto

terça-feira, novembro 22, 2011

Rita Apoena, outra musa da modernidade!







'Eu abro a janela e mal consigo acreditar! Inspiro um milhão de cores e expiro uma explosão de flores, escapando afoitas do meu peito. Eu abro a janela e mal consigo acreditar: estou viva! O Universo, com os seus treze bilhões de anos, concedeu-me um intervalinho no tempo, que eu chamo dia, e o começa assim, com uma manhã cheia de flores! Ah, é demais para mim! Todos os dias, eu abro a janela e me dá vontade de chorar. É tudo tão bonito, tudo tão inacreditavelmente perfeito e encaixado que nem a maldade dos homens, de seis bilhões de homenzinhos pequeninhos, pode ser maior do que o conjunto das estrelas erradias, ainda mais quando metade de cada homem também é amor. Então, o que importa se eu perdi o ônibus, se a chuva despencou na minha cabeça, se ela me disse um desaforo, se nem meu amigo ele quer ser. O que importa? Há uma pequena chance na minha janela, que eu chamo dia, para extravasar o meu amor, cultivar um amigo, conhecer a história de uma senhora ou me aproximar de um vizinho, abraçar alguém que eu gosto muito, ligar para um velho amigo, viver, viver e viver? Ah. como eu posso reclamar da vida? Eu estou viva! E foi por um triz. Quando alguém olha para você e estende aquele dedo do meio, ele está querendo dizer: "Escuta aqui, você não é mindinho, não é o fura-bolo e, muito menos, o cata-piolho! Você é o maior de todos, amigão!!! Você é o maior de todos!!!" Pode até parecer que sim, mas o meu mundo não é cor-de-rosa. A minha alegria brota das coisas tristes que eu vejo ao redor. Assim é a minha alegria! É quando o feio do mundo tenta, mais que tudo, apesar de tudo, parir um instante de beleza e é esse instante, que na próxima fração de segundo escapará da minha câmera, que me comove e me arrebata, como se eu abrisse os braços e acolhesse o mundo: um bichinho ferido, carente de amor. E isso é maior que tudo, mais lindo que tudo, muito mais lindo do que se o mundo fosse perfeito. '

segunda-feira, novembro 21, 2011

Os pombos






No dia 31 de dezembro de 2011 faz um ano que sou moradora do Rio de Janeiro ,e, deste modo, praticante da esquiva pombística. (Na minha opinião podia se tornar modalidade olímpica!)

Depois de muitas análises sobre esses adoráveis bichinhos que deu origem,inclusive, a um roteiro semi-escrito para um curta, chego a conclusão que tá demais, gente!!! Eles andam mais audaciosos que no início do ano: atravessam sua mesa nos restaurantes, pousam ao seu lado na praia e nem desviar quando estão voando em sua direção (clássico), os danados estão desviando. Não sei se é o tempo ou se é a proliferação da espécie, mas confesso que várias vezes me sinto dentro do filme do Hitchcock, Os pássaros.

Aqui em Copacabana é um festival, uma danação, se duvidar tem mais pombo do que gente, mas, com toda a certeza, os pombos mestres e pós graduados moram no Largo do Machado! Uma grande amiga que trabalha alí perto,disse que já se deparou com uma turminha de pombos  brincando de esconde-esconde e barra bandeira, e ainda disse que um deles estava trapaceando. (ok, não sei o que ela fumou nesse dia), mas me veio com uma explicação tão fundamentada que acabei acreditando. E, mais que isso: hoje a tarde eu vi com meus próprios olhos a maior farra dentro da praça: era pega-pega!


É, gente, o negócio tá grave!

sexta-feira, novembro 18, 2011

O poema é o delírio do tempo rompido

 'Pessoas as vezes adoecem da razão
de gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida
Escorrendo em estado de lágrima '


'Acho que o ofício de ser gente me excessiva.
Pessoas são pessoas o tempo todo demais.
Ser gente me excessiva.
Gente me excessiva.
E me falta'


'sonho o rastro de suas mãos em meu corpo
Mãos que me contornam quando em mim caminham'







'Ando com mania de lustra móveis e ceras líquidas. Olho cada um nas prateleiras. Sinto a textura e o cheiro espalhando um pouco pelos dedos. Prefiro os de textura fina e que cheiram a jasmim (gosto mais do aroma floral mas a palavra jasmim é tão bonita!) E vou espalhando. Primeiro o assoalho. Considero todos os cantos. Depois os móveis com as mãos vou tateando. Um por um. Em reverência. Ao que me sustenta quando em desamparo.

As casas me sustentam em mim. Por isso as quero em detalhe. Bem cuidadas e cheias de espaços onde nossas coisas se deitam. Costumo encontrar tesouros escondidos nas dobras das colchas e nas louças sujas na pia. Tenho muitas janelas que é por onde o sol e a chuva me visitam. O vento aqui também é muito forte. As vezes derruba tudo e eu gosto. Mas aqui também cabem pessoas. Tem sempre lugar pra pessoas em mim.'



A musa Viviane Mosé, eu e meus 19 anos




'toc toc, palavra, toc toc.
Palavra não fala com estranhos. '

quinta-feira, novembro 17, 2011

Foto-poema


(Já é natal na leader e na minha plantinha!)

.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Pra me derreter todinha

Sobre a certeza e suas regras (e exceções)

Dou muito valor a tudo que aprendemos na escola... nos livros.


O pessoal das ciências exatas gosta muito da linguagem binária: sim ou não, ligado ou desligado, zero ou um.


Mas não só o pessoal das ciências exatas usa essa linguagem. Em qualquer prova, de qualquer concurso, de qualquer disciplina vemos as possibilidades de respostas às questões: "Certo ou Errado". Simples assim. Valores absolutos.


Ou é, ou não é!


Admiro muito, muito mesmo as ciências exatas.
Mas por outro lado, mergulho e viajo no mundo da subjetividade. No talvez, no relativo, no 2 + 2 = 5.


Nessas horas, as rígidas regras começam a se quebrar.
O que era binário, começa a ser multivalorado...


Como um bom cientista; Fatos para comprovar:


Certo; Certeza; Ou se tem ou não se tem. Não existe muita certeza, ou pouca certeza. Ou vc está certo de uma coisa, ou não está. Mas a cada dia que eu acordo; que eu olho pro lado, respiro fundo e sinto seu perfume, eu tenho mais e mais certeza...

Igor Souza, 16 de novembro de 2011.

Analisemos...

Gostaria de, ao menos uma vez na vida, ter entrado no consultório de um psicólogo. Ter sentado em um divã. Ter ouvido ele falar "uhum" "sei" "continue". Para poder embasar um pouco do que quero escrever nesse texto. Gostaria de falar sobre a expressão do psiquiatra,psicólogo,analista, enfim. Gostaria de saber seu tom, seu grau de concentração perante os problemas alheios.  Acontece que falar das minhas questões para alguém que não me conhece, não sabe do meu coração e muito menos da minha vida, sempre me pareceu uma coisa fora da realidade, um relação plugada no modo automático que não me anima. Então juntou isso com o fato de sempre ter sido taxada, por familiares e amigos próximos como a "mocinha de coração bom, bem resolvida e sem dramas nos conflitos internos" atrelado ao fato de eu sempre ter concordado, de certa forma, com o rótulo que me postaram desde novinha. Afinal: "se ela passou por isso sem alarde, ela é forte" "impressionante como carlinha nem liga por isso ter acontecido,né?" "carlinha parece rabo de lagartixa, regenera rapidinho", essas e outras frases entravam no meu ouvido diretamente ou através da minha curiosidade na conversa "dos adultos".


Admiro, de coração, quem procura ajuda quando sente necessidade. E, se hoje em dia, depois de crescida, eu sentisse que era a hora, não exitaria. Não apenas por um capricho de poder, finalmente, matar minha vontade de analisar o analista, mas pra de fato tentar aliviar e amansar os monstros que estivessem me atrapalhando, angustiando. Então penso nos momentos mais difíceis que já passei por essa vida carnal e lembro que passei por todos eles sem um divã, pelo menos não um divã declarado, um consultório, um horário marcado. Passei por todos eles comigo, com as pessoas que me traziam confiança,amor e força quando eu pensava não mais ter. Passei por elas, por todas elas,  com minhas conversas infinitas comigo mesma. Com as minhas conclusões as vezes preciptadas e outras, frias e calculistas, como precisa ser algumas vezes nessa vida.


Sabe aquele momento em que você fica sozinha e pensa nas coisas mais profundas, e, as vezes, de tão insanas, você fica até sem jeito? Pronto, esse era o meu primeiro passo: ter a coragem de pensar a respeito daquilo. O segundo passo era conseguir falar comigo - em voz alta - sobre o X ou os Ys da questão. Falava, discordava, interrompia, acrescentava. Não importa a ordem, o importante era conseguir falar. Falar sem vergonha do que eu poderia encontrar por trás daquilo tudo. O terceiro passo era o mais difícil: chegar em uma conclusão a respeito daquilo que pensei e depois falei. Daquilo tudo, daquela enxurrada, daquele dilúvio de informação que minha mente e coração se organizaram pra passar para a minha língua. Para a ponta dela. O quarto passo era poesia. Tudo isso se transformava, de algum modo, em poesia. Poesia falada: um monte de palavra tomando forma, tomando gosto.Um monte de frases rimadas. Bonitas. O feio virando poesia. O quinto passo sempre foi o desespero da minha mão e caneta não conseguirem acompanhar a ansiedade desvairada da minha boca em falar todas aquelas coisas,finalmente, organizadas. Na minha mente, alma, corpo e coração.


Essa era a minha terapia e continua sendo.


Quando sinto uma pontadinha no peito, um apertão na garganta ou quando me deparo com algo que posso chamar de problema, recorro aos meus métodos, dessa vez, com outro cenário: Caminho a orla de Copacabana inteira. Vou e volto quantas vezes for preciso até alcançar algo melhor do que o momento em que saí de casa. Ainda bem que vem dado certo, afinal, a vida não teria muita graça se a gente fosse feito boneco de porcelana ou feito me taxavam. Tolinhos, eles mal sabiam que pra eu alcançar a tal serenidade, precisava antes passar por cinco etapas.


Acredito que quem topa  procurar ajuda psicológica,  deve, uma hora ou outra, questionar se aquela pessoa tá mais preocupada com suas intrigas ou com a ligação que perdeu do marido. Se ela vai te dar alta quando achar que já pode ou se vai te estimular a criar novos conflitos, para que você vicie no divã e sinta a sua falta no simples sofá da sua casa. Se você vai, de fato, resolver seus conflitos com um profissional ou ao menos aliviar toda aquela dor. Se ele vai ser ético. Se ele não tem problemas parecidos com o seu e vai ser deixado levar pela emoção. Ou pela raiva. Se ele não é tão ser humano quanto você. Se as técnicas de te avaliar, aprendidas em uma universidade, são mais elevadas do que a técnica que você, que convive com tudo isso a anos,  pode produzir.


Enfim, os questionamentos são muitos e se eles forem levados em consideração na hora da decisão de procurar ou não um analista, a pessoa pode acabar tendo mais uma razão pra discutir ou discordar dele.


Se é pra ir, que seja de mente vazia, sem tantas partículas de condição pra confundir ainda mais.


Um outro questionamento que me faço é se as pessoas mentem quando contam seus dilemas. Se escondem. Se camuflam. Mas em seguida penso que não, afinal, é uma grana alta investida para a sua mente ficar mais tranquila, logo, não faria muito sentido você se auto sabotar nessa empreitada. Porém, quando penso nisso, não entendo o porque de algumas pessoas se auto sabotarem fora do consultório.


Não entendo como algumas pessoas não notam que seus conflitos internos nunca serão resolvidos externamente, com quem não pode ajudar e de maneira hostil. Como algumas pessoas não percebem que  tentativa de manipulação e de reverter situações só dão certo com pessoas bobas ou fracas. Que tentar magoar com as armas que pensa ter em mãos não é covardia, é burrice. Pois fica claro a cada passo que o que a pessoa quer é atenção. E pedir atenção dessa maneira, é lamentável. Existem maneiras bonitas e sinceras para tal e não mostrando seus monstros para o outro quando percebe que não há mais o que fazer. E depois tentar escondê-los, amenizá-los. Um mínimo de sensatez, coerência e concordância com os próprios atos e palavras. Pois para o mundo fica muito claro o grau de confusão mental. E se torna muito perigoso se a própria pessoa também não percebe isso.


E entender que loucura não tem limite, mas paciência tem.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Criança de domingo


dilúvio. ventania.  um grito. roquidão. uma pausa. várias pausas. calmaria. tempestade. furdunço. carnaval. ano novo. o novo. os olhos. o brilho. a praia. as mãos. o amarelo. a  areia fininha caindo do tênis. as cores. a madrugada. as cores da madrugada. a tua. a minha.  à nossa. a nossa vida. à nossa vida. há nossa vida. Petrópolis. sorriso. beijos e vinhos. cozinha. sozinha. saudade. Olinda. encontro. cerveja. pracinha. café. sorvete. chantily. amigos. soninha. murango.  festa. casa. bicicleta. dança. suor. viagens. o barquinho. conversas. lágrimas. fofocas. planos. a gente. novamente. nova(mente). sente, sente, sente:

o amor.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Não tenho do que reclamar...


... se da minha janela eu flerto com o mar.

quinta-feira, novembro 10, 2011

Sugestão de título: O Rio de Janeiro, o petróleo e o carnaval

Ou: o protesto pela justiça ao Estado do Rio de Janeiro;


ou ainda: O dia em que os foliões largaram mais cedo dos seus trabalhos.


Acabo de chegar do evento/protesto contra a distribuição de royalties do petróleo para os outros Estados do país. E, como todo evento brasileiro de médio ou grande porte que se preze, acabou em samba/funk. Na verdade, já começou assim (posto que o evento está tendo início efetivo nesse instante), porém, nos primeiros cinco minutos de concentração em frente a Igreja da Candelária, e, todos os outros minutos que passei por lá, pude registrar vários tipos de manifestações de afeto e carinho pela cultura do carnaval, vinda de todas as idades e classes sociais.


Pessoas fantasiadas, funks e sambas com letras defendendo o petróleo, gritos de guerra que grudaram na minha cabeça: "aha, uhu, o petróleo é nosso!"


Cerveja, muita cerveja para todos. Passinhos de funk até o chão, porta bandeira e mestre sala desfilando pela Av. Rio Branco e um Trio Elétrico do furacão 2000.


Fotógrafos pedindo para o senhor vestido de super herói pular novamente, pois ninguém havia conseguido clicar no tempo certo. Jornalistas sedentos por alguma novidade: um grito mais alto, uma queda de cima do trio elétrico, uma briga e, com sorte (dos jornalistas), alguma morte, assim, como quem não quer nada. Por que cobrir carnaval sem confusão não tem a mínima graça.



Ah, de repente deveria ter alguém preocupado com os  royalties.




terça-feira, novembro 08, 2011

5 meses

You're my picture on the wall
You're my vision in the hall
You're the one I'm talking to
When I get in from my work

(...)

 you are the funny little frog in my throat

segunda-feira, novembro 07, 2011

Sobre a curiosidade, seu limite e a falta dele

Curiosidade é quando uma bexiga de gás gigante começa,pequenininha, a crescer  dentro da sua barriga.

Sabe-se que a curiosidade chegou no seu limite quando essa bexiga encheu tanto, mas tanto, que acabou estourando lá por dentro.

Quando essa mesma bexiga chegou no seu ponto máximo de crescimento, naquele segundo que antecede o estouro, e, no lugar de estourar, ela simplesmente voa de dentro para fora, naquele movimento giratório, deprimente e rápido de bola que tá murchando até cair, finalmente, no chão: bom, significa que a curiosidade passou do seu limite e alcançou o prumo da falta de noção, bom senso e bom gosto.



Para a alegria de muitos, tem estoque de balão de sobra e um punhado de paciência e tolerância para toda a curiosidade no sense do mundo!

quinta-feira, novembro 03, 2011

Edifício Errado

-Alô, oi Carla... Onde você está?
- Tô bem em frente ao Edifício errado.
-Hmmm... Vai pra frente do certo então que eu chego em dois minutos.
-Não, eu tou em frente ao edifício certo, é que ele se chama Errado, rs.
-Annn... Ele se chama Serrado, é que caiu o S. Tou já chegando.
-Ah...

:]