domingo, setembro 26, 2010

Carlaval astral

Pitombeira, Ribeira, Quatro Cantos... Te vi.
Te vi em quantos rostos diferentes eu pudesse imaginar
Parecia flerte
Cheguei a te quase falar
a te
a ti

Parecia a doida das lantejoulas em seu carlaval astral
astral
astral

prévia

essa prévia
prévia
prévia

não foi erro

de coração,

quinta-feira, setembro 23, 2010

Rio doce

Estranheza? Não

Voz. Respiração. Tum tum. Coração.

Abraço. Imaginário. Aqui. Lá

O bater forte das horas. No peito. Renascer


O sentir por uma invenção

De nome. De dentro. Lá fora

Tou chegando. Vambora

Sim ou não?

sábado, setembro 18, 2010

Quinteira




Ontem eu participei de um brainstorm onde o grupo teria que sugerir nomes para um mega pólo de tecnologia e cultura que vai ser construído aqui em Pernambuco. Como não se trata apenas de tecnologia ou apenas de cultura,o grande desafio era um nome que envolvesse tudo isso, remetendo ao Estado de Pernambuco, sem ser brega ou óbvio. Qualquer idéia era válida para esse primeiro momento, qualquer palavra, pensamento, desenho, qualquer coisa, inclusive as toscas, que, posteriormente, poderiam se unir a outras idéias.

Surgiu de tudo, de palavra que mais parecia pousada de praia até nomes precisos, se o brainstorm tivesse como objetivo decidir o nome de uma produtora. Guisado produções, Cacimba produções...(essas foram algumas de minhas idéias malucas).

Percebi que forçando é difícil e sabia que quando saísse daquele momento,daquela sala branca com cadeiras brancas, computadores brancos, iluminação branca e voltasse pra casa, iria acabar pensando espontaneamente em alguma coisa. Eu tinha a palavra quintal e semente na cabeça. Elas grudaram em mim. Ao contrário do que eu pensava, a idéia não veio, nem em conversa de mesa de bar e nem na mente.

Dormi.

No meio do meu sonho, estava em um quintal,dentro de uma sementeira linda... Era um lugar em que eu nunca estive antes, parecia com a minha Aldeia, mas era menor, o vento era mais seco e empoeirado de dia e parecia ser mais frio a noite, não sei, o sonho foi de dia. Tinha mais chão e menos povoado. Dentro do meu sonho, comecei a escrever um texto sobre o lugar e eu nomeei o texto de quinteira.

Acordei e lembrei disso, fui lembrando aos poucos do sonho... Fiquei tão feliz com esse nome, agora ele grudou em mim. Queria poder nomear alguma coisa com ele.

Por enquanto, nomeio esse texto e a empresa continua sem nome!



Obs: a foto não tem relação com o texto, ela foi tirada na minha Aldeia há duas semanas. Mas achei tão bonita e como não tenho imagem do lugar-astral-imaginário que eu fui...

terça-feira, setembro 14, 2010

Doc_ Eu tenho pressa_ Parte I




Tudo despertou com a história de Neilton, um jovem nascido e criado em uma das comunidades mais pobres do Recife: O Alto José do Pinho. Já tinha ouvido falar que ele era pintor, construía amplificadores de alta potência e que montou sua própria guitarra a partir de sucatas e materiais recicláveis. O mais incrível é que ele é autodidata em tudo o que faz. "Nunca vi impedimento em ter um bom instrumento, se alguém fez a primeira guitarra, por que eu também não poderia fazer? A galera da revista Trip veio aqui e ficou perguntando sobre a guitarra, já não agüento mais falar da guitarra... eu não fiz pra chamar atenção, fiz porque eu queria um instrumento e não tinha dinheiro", disse Neilton.

"Esse cara tem muito o que falar", pensamos. E realmente tem, o depoimento dele daria pra fazer tranquilamente um longa,cheio de detalhes, cuidado e cores. Neilton é de pura sensibilidade. Segundo Hugo Montarroyos, repórter e critico de música do site Recife Rock "Neilton é o Da Vinci da guitarra". E o camarada destrói mesmo, no bom sentido, claro!

Acontece que outras coisas foram chamando atenção e costurando em um lance mais amplo e instigante. Neilton toca na banda Devotos, que coincidentemente está em meio as comemorações de 20 anos de carreira juntamente com Cannibal e Celo.

Cannibal é uma figura conhecida em Recife, e, mesmo os que possivelmente não conheçam sua história, já devem ter ouvido falar alguma coisa a respeito daquele cara de dreads enormes e que, juntamente com Celo, idealizou a ONG e rádio comunitária Alto Falante.

Celo é o batera, e faz com suas baquetas um som pesado, um hardcore de raiz, verdadeiro.

O que nem todo mundo sabe é que eles são mais que meninos que passaram por dificuldades e hoje estão ai, é mais que uma história bonita, eles vão além de uma banda, são agentes sociais dentro de uma comunidade que conseguiu levantar seu nome a partir da música.

Hoje em dia as pessoas têm orgulho de dizer que moram no Alto, coisa que há 15 anos não era possível "Antigamente quando o pessoal tomava um taxi pro Alto, dizia que estava indo pra Casa Amarela, só quando chegavam na entrada do Alto é que avisavam, porque tinham vergonha... hoje em dia todo mundo tem orgulho de dizer que mora lá", fala Hugo Montarroyos.

O Alto saiu das páginas policiais diretamente para o caderno de cultura.

É claro que a marginalização ainda existe e que ninguém vive em contos de fada. Todo trabalho social e toda mudança só é possível a partir de um envolvimento coletivo, mas foram eles a raiz disso tudo, há muitos e muitos anos... Duas décadas para ser mais precisa.

E se os três juntos compõem a banda, por que não um documentário sobre a Devotos?

Então vamo nessa!

Te doy mis ojos





Queria que existisse a palavra inlingue, para que eu pudesse escrever esse texto só de olhos e coração, sem ser com letras, sem ser com a mão, sem ser em português, sem ser itálico ou em negrito. Queria um texto inlingue. Queria esvaziar todo o sentido de tudo que foi aprendido até agora e usar os olhos, apenas os olhos...


Os olhos não falam português, aramaico, japonês ou alemão
Fala só e somente a língua do coração

Seja daqui, acolá, do mato ou asfalto, azul, marrom,verde, amarelo, puxado, apertado, gordo,índio,remelado...Brilhoso, opaco, vermelho, borrado, desconfiado,perdido e achado, inchado,murcho,cheio,intenso,olheira, bonitos,feios...

Todos os olhos são bonitos, até os feios. Há beleza neles, principalmente os que curiosamente parecem tristes por apenas serem feios

Tem beleza ali. A beleza principal que é a de existir

O estrelado de Sofia, a malandragem no de neto, o brilhoso de Victor, o tenso de Marina, o intenso de Luis, o vermelho de Yan, o noturno de Eduardo e até mesmo o canadense de Samantha que pode ate pensar em inglês, Francês ou o escambau

Os olhos da cara, da sala, de Miguel e de Carla

Mussolini, Gandhi, Alá,Jah, Dostoievski, Tolstoi, Huxley, Sheakspeare, o Rosa Guimarães, chicos, Science, Noel, Caetano, Saramago, Tom, Vinicius, Powell,Ella,Louis, Dali, da Vinci, Adão, Eva, Aristóteles, Platão...

Plutão...

Não

Os olhos falam a língua só e somente do coração

Tudo tem olho, tudo teme. Treme. Geme. Volta. Tudo olha.
Atrás, na frente, o ambulante, a serpente, repente de repente, o refrão, a mente, mente, a lente (...)


Indecifrável poesia inacabada...
..
..


.

..

sábado, setembro 11, 2010

Menino...


Aquele primeiro olhar é o que agora me nomeia
E o segundo e o terceiro
E todos aqueles que a gente deu
Os que a gente não deu
Os que a gente ainda pode dar

Confesso que os que a gente não vai dar é o que agora, agorinha mesmo,
com dor no meio do peito, me nomeia
Todos os entres, entre um e outro.


Esse olhar noturno que clareia tudo em mim, clareia tudo aqui
Me vi translúcida
Voltando pra casa com um sorriso de presente no rosto
E no ouvido, essa voz tão doce
Tão certeira
Tão,

menino...

Fez vida
Como há muito não via


Tua calma é o que agora me nomeia
Teus agradecimentos divinos
E o floquinho quente da pele na pele
Ou do abraço que encosta o coração

Me esconder entre teu pescoço
Ser tola dentro do meu pacote de pão amarelo
Amarelo foram esses dias,

Amarelo sol


O teu cheiro, que é um descanso no acaso
É o que agora me nomeia
Uma poesia indecifrada
Disritmia no décimo volume

Ah, o teu cheiro...

O teu beijo é o que agora me nomeia
me nomeia aquele que a gente deu defronte a casa
Tava tão bonito, vento na cara
Alegria do encontro
Paz na alma

Teu sorriso é o que agora me nomeia
Tem cor de cor de cor de cor
De cór
Queria deitar nele e ser levada junto com as palavras



.

Não teve tchau e nem abraço apertado,
Não teve calma e nem cheiro,
Não teve beijo, não teve porta, não teve floquinho
Não teve nada

O destino as vezes nos é gentil
As vezes nos testa
As vezes

O destino é as vezes

Comigo,

Teu gosto de gosto
Tua cor de cor
Teu cheiro de cheiro
Teus olhos fundos
meus olhos marinhos
Agora
marejando nesse Rio de imprevistos

Mas eu gosto de rio

E eu gosto de você



As sinestesias nunca foram tão palpitantes,

menino...

.