terça-feira, setembro 30, 2008

Rapadura

Ontem, eu recebi um pedaço de rapadura vinda de Juazeiro.
Na hora, peguei o presente como se tivesse segurando ele com o pensamento.
Fiquei intacta por alguns minutos, e, aquele tablete doce me trouxe uma lembrança que tava perdida em algum pedaço da minha cabeça: Meu avô.
Vôvô é Amazonense e morou durante muitos anos em Farias Brito, interior do Ceará. O que a rapadura tem com isso? Tudo! Quando vôvô ia de temporada lá pra casa, ele sempre levava umas dez barras de rapadura e alfenim pra mim que duravam bem um ano!
Como eu era pequena, era ele quem "quebrava" o doce. Era um ritual danado.
Parece que lembro como se fosse hoje dele gritando, ainda com força: "Cabôcla, chega aqui!"
(Essa era a forma carinhosa que ele me chamava e me chamou até o leito de morte,segurando na minha mão)
Quando eu chegava junto, ele tava amolando o facão em uma pedra bem grande que tinha por ali...
Depois colocava o tablede doce em cima da mesa rude de madeira e danava a quebrar em vários pedacinhos, todos feitos para mim. Meu sorriso ficava largo e eu voltava pra brincar pinotando por entre as britas e gramas do quintal.
Essa é, sem dúvidas, a lembrança mais doce que tenho do meu avô!

sábado, setembro 06, 2008

Enquanto isso...


Eu tou perdendo o meu amor
Eu tou perdendo o meu amor
Eu tou perdendo o meu amor

Eu tou perdendo o amor

Repetiu a tristeza da menina
enquanto voltava pra casa

(Depois de alguns segundos silenciosos...)

Não, não!

Eu tou ganhando o meu amor próprio
e, quem sabe assim, o amor dele.




*Continuou pedalando enquanto o vento secava suas lágrimas cansadas.





Carla Alencar